Meio ambiente: qual o seu próximo passo?

Meio ambiente: qual o seu próximo passo?

O alerta vermelho para nossa morada está ligado. O tempos atuais para a saúde do nosso planeta azul e de todos que ele habitam são extremamente temerosos. Vemos o aumento das temperaturas médias pelo globo e o esgotamento dos nossos recursos naturais. Em âmbito nacional, não vemos uma política real de contenção da destruição ilegal. Ao contrário, vemos medidas que visam abafar descontroles do desmatamento de áreas protegidas e da nossa preciosa Amazônia. É importante estarmos alertas e informados a respeito do meio ambiente e de nossas atitudes. É importante darmos passos seguros e assertivos em ações individuais e coletivas, como cidadão ou empresa, que possam reverter, dentro do possível, este caminho. A seguir, trago um texto do jornalista Renato Guimarães, do Blog Ideias de Movem, do site Conexão Planeta, aqui para o nosso PoliBlog.

Mudanças climáticas: como evitar o abismo?

No imaginário popular, é difícil relacionar frio e gelo do Alasca com grandes incêndios florestais como os que afetam a Califórnia e a própria Amazônia todos os anos. Pois é exatamente isto que estamos vendo neste momento na parte norte do continente americano: as florestas do Alasca estão sendo tomadas pelos maiores incêndios florestais já registrados na história para este período do ano. Em consequência, cidades inteiras, inclusive na Sibéria, estão sendo afetadas pela contaminação do ar provocada pela fumaça dos incêndios, que pode ser vista do espaço.

Estes incêndios acontecem ao mesmo tempo em que países da Europa sofrem com as temperaturas mais quentes já registradas. De outro lado, agora mesmo, cientistas registram o aumento recorde no descongelamento do gelo que cobre a Groenlândia e que poderá elevar o nível de água nos oceanos em cerca de 30 centímetros até o fim deste século. Parece pouco, mas as consequências serão sentidas pelas cidades litorâneas e por muitas ilhas ao redor do mundo.

Se todo o gelo que cobre a Groenlândia derreter, os oceanos se elevarão em cerca de sete metros. O mapa-múndi vai mudar radicalmente, com o desaparecimento de largas extensões de terra à beira mar. Bye-bye Nova York, Rio de Janeiro, Xangai, Hong Kong, Miami! Só para citar algumas das cidades mais conhecidas.

E tudo isso acontece no momento em que países importantes do mundo, como os Estados Unidos e o Brasil, são controlados por governos que fazem de tudo para negar as mudanças climáticas e o papel que a humanidade desempenha neste processo. Aqui, no nosso país, que historicamente sempre liderou o debate em torno do assunto, o governo brasileiro participa formalmente de evento organizado por negacionistasdas mudanças no clima.

Esta cegueira proposital está contribuindo para levar a todos nós cada vez mais para a beira do abismo. Um abismo cuja respectiva queda não afetará mais apenas as futuras gerações. Já está nos afetando, agora mesmo – e só vai piorar. Ainda que sejamos capazes de diminuir o nível de emissão de gases de efeito estufa na atmosfera, os danos já provocados pelas mudanças climáticas neste momento vão perdurar por séculos e talvez milênios adiante.

E como ficamos quando os governos, ou seja, as autoridades que nos representam, se recusam a fazer o seu papel principal, que é cuidar do interesse e do bem-estar de suas populações?

Não dá para esperar por eles, presos na sua cegueira suicida. Temos de fazer a nossa parte. Um exemplo bonito é a de Greta Thunberg que, do alto de seus 16 anos, começou com uma ação muito simples, de posicionar-se todos os sextas-feiras em frente ao Parlamento sueco para forçar os parlamentares a discutir medidas para minimizar as mudanças climáticas. E assim nasceu o movimento Fridays for Future.

A ação de Thunberg não foi particularmente heroica e, na sua relativa simplicidade, reflete a aplicação do princípio do testemunho ativo (bearing witness): fazer da ação e da presença física pacífica uma denúncia do erro e da nossa disposição individual pela mudança.

As ações individuais são fundamentais, mas também é preciso ações coletivas.

Neste sentido, já que governos, como do Brasil e dos Estados Unidos, estão não apenas desistindo de fazer o seu papel em favor da humanidade, mas atuando contra todos nós, é preciso que outros grupos, como as empresas, por exemplo, especialmente as grandes corporações, também façam a sua parte. Elas têm um grande potencial de impactar mercados e consumidores e também pressionar diretamente governos recalcitrantes.

Um exemplo positivo neste campo é a decisão recente da Unilever de impor a todas as marcas da empresa que determinem claramente como podem contribuir para a sustentabilidade do planeta, especialmente no tocante à mudança climática. O CEO da Unilever, Alan Jope, disse claramente que aquelas que não se enquadrarem poderão deixar o portfólio da companhia, mesmo que isso resulte na perda de marcas relevantes para a base de consumidores. Suas palavras: “Princípios somente são princípios se eles te custam alguma coisa”.

É isso, falar de sustentabilidade ficou fácil, mas já não há mais tempo para palavras vazias e greenwashing. As empresas têm de agir de verdade.

Atitudes como a da Unilever botam pressão em suas equipes internas para saírem da inércia e realmente implementar ações concretas para diminuir ou minimizar o impacto das marcas sobre meio ambiente. São também um forte indutor para pressionar o mercado, especialmente a concorrência, a seguir passos semelhantes.

Acredito que somente a junção de ações individuais, multiplicadas em rede, com as ações coletivas de atores influentes, como as empresas, pressionadas pela sociedade civil e por consumidores, poderão minimizar esta caminhada para o abismo coletivo.

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